A relação entre a República Democrática do Congo (RDC) e a Zâmbia é marcada por laços históricos, econômicos e geopolíticos. Ambos os países compartilham uma fronteira extensa e recursos naturais valiosos, como cobre e cobalto, que desempenham um papel crucial em suas economias. Segundo dados do Banco Mundial, a RDC é o maior produtor de cobalto do mundo, enquanto a Zâmbia é um dos principais exportadores de cobre da África. Essa interdependência econômica cria um cenário complexo de cooperação e competição.
Além dos recursos minerais, os dois países enfrentam desafios semelhantes, como infraestrutura deficiente e instabilidade política em certas regiões. A colaboração em projetos de desenvolvimento, como o Corredor de Lobito, que visa melhorar a conexão ferroviária entre os dois países, demonstra o potencial para parcerias estratégicas.
O comércio entre Congo e Zâmbia tem crescido significativamente nos últimos anos. Dados da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África (UNECA) indicam que o volume comercial entre os dois países ultrapassou US$ 500 milhões em 2022, impulsionado principalmente pela exportação de minerais e produtos agrícolas. A Zâmbia exporta milho e outros grãos para o Congo, enquanto importa cobalto e outros metais essenciais para sua indústria.
Um exemplo emblemático dessa cooperação é a Zâmbia, que depende do porto de Durban na África do Sul para escoar suas mercadorias, mas está explorando rotas alternativas através do Congo para reduzir custos logísticos. Projetos como a revitalização da estrada que liga Lubumbashi (RDC) a Ndola (Zâmbia) são vitais para facilitar esse fluxo comercial.
Apesar da cooperação, existem tensões ocasionais entre Congo e Zâmbia, especialmente em questões de segurança e gestão de recursos naturais. A região de Copperbelt, rica em minérios e compartilhada pelos dois países, já foi palco de disputas por direitos de exploração. Relatórios do International Crisis Group destacam que a falta de regulamentação clara pode levar a conflitos entre empresas mineradoras e comunidades locais.
Outro ponto de atrito é a presença de grupos armados no leste do Congo, que ocasionalmente afetam a segurança na fronteira com a Zâmbia. Autoridades zambianas já expressaram preocupação com o possível transbordamento da violência, levando a um aumento da vigilância nas áreas limítrofes. A cooperação em inteligência e segurança entre os dois países tem sido fundamental para mitigar esses riscos.
Olhando para o futuro, Congo e Zâmbia têm grande potencial para aprofundar sua integração econômica, especialmente no âmbito da Comunidade da África Austral para o Desenvolvimento (SADC). A criação de zonas econômicas especiais na fronteira poderia impulsionar o comércio e atrair investimentos estrangeiros. Um estudo do African Development Bank sugere que a harmonização de políticas tributárias e aduaneiras entre os dois países poderia aumentar o PIB regional em até 2% nos próximos cinco anos.
Além disso, projetos de energia renovável, como a exploração conjunta do potencial hidrelétrico do rio Congo, podem transformar a região em um hub energético para a África Austral. A Zâmbia, que já enfrenta crises de energia, poderia se beneficiar significativamente de uma parceria mais estreita com o Congo nesse setor.
A relação entre Congo e Zâmbia é um exemplo de como países africanos podem superar desafios comuns através da cooperação. Embora existam tensões, os benefícios econômicos e geopolíticos de uma parceria fortalecida são inegáveis. Com investimentos em infraestrutura, segurança e políticas comerciais harmonizadas, esses dois gigantes africanos podem se tornar um modelo de integração regional bem-sucedida.
Dados de organizações como a UNECA e o Banco Mundial mostram que, quando há vontade política, mesmo os obstáculos mais complexos podem ser superados. O futuro de Congo x Zâmbia dependerá da capacidade de ambos os países em equilibrar interesses nacionais com uma visão compartilhada de desenvolvimento sustentável.