Irã e Catar têm uma rivalidade crescente no futebol asiático, especialmente nas competições da AFC. Segundo dados da Federação Asiática de Futebol (AFC), os dois times se enfrentaram 15 vezes desde 1980, com o Irã mantendo uma vantagem significativa: 9 vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas. O último confronto, durante as eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, terminou com uma vitória iraniana por 2-0, demonstrando sua dominância recente.
Um dos jogos mais memoráveis ocorreu na Copa da Ásia de 2019, quando o Irã venceu o Catar por 3-0 nas semifinais. Esse resultado não apenas garantiu ao Irã uma vaga na final, mas também destacou a diferença técnica entre as equipes naquele momento. Analistas esportivos como o jornalista James Dorsey, especializado em futebol do Oriente Médio, apontam que o Irã tradicionalmente possui um estilo de jogo mais físico e organizado, enquanto o Catar investe em um futebol mais técnico e posicional, fruto de seu projeto de desenvolvimento iniciado após a escolha como sede da Copa de 2022.
Além do aspecto esportivo, o jogo entre Irã e Catar carrega nuances políticas e culturais. Ambos os países são potências regionais, mas com visões geopolíticas distintas. Enquanto o Irã mantém relações tensas com vários vizinhos árabes, o Catar adotou uma política externa mais neutra, mediando conflitos na região. Essa dinâmica se reflete no futebol, onde os confrontos muitas vezes são vistos como mais do que simples partidas esportivas.
Segundo o professor Mehran Kamrava, da Universidade Georgetown no Catar, o futebol no Golfo Pérsico frequentemente reflete as relações diplomáticas entre os países. "Quando Irã e Catar se enfrentam, há sempre um olhar atento das autoridades, pois o esporte serve como um termômetro das relações bilaterais", explica Kamrava em seu livro "The Modern Middle East". Curiosamente, apesar das diferenças políticas, os torcedores dos dois países costumam ter uma relação respeitosa nos estádios, diferente de outras rivalidades regionais mais acirradas.
Com a evolução do futebol catariano após investimentos massivos em infraestrutura e formação de jogadores, especialistas acreditam que o equilíbrio de forças pode mudar nos próximos anos. A vitória do Catar na Copa da Ásia de 2019 (como anfitrião) e seu desempenho respeitável na Copa do Mundo de 2022 demonstram o crescimento da equipe. Já o Irã, apesar de manter sua hegemonia regional, enfrenta desafios como sanções econômicas que impactam seu futebol.
Carlos Queiroz, ex-técnico da seleção iraniana, comentou em entrevista ao site "Football Asia" que "o Catar está construindo um projeto consistente, enquanto o Irã precisa se reinventar para manter sua liderança". Dados da FIFA mostram que, enquanto o Irã ocupa atualmente a 21ª posição no ranking mundial, o Catar subiu para a 58ª colocação - uma melhora significativa em relação aos anos anteriores.
Os próximos confrontos entre as duas seleções prometem ser mais equilibrados, especialmente considerando que o Catar será sede da Copa da Ásia em 2023 e do Mundial de Clubes em 2025. Esses megaeventos devem acelerar o desenvolvimento do futebol local, criando condições para desafiar a tradicional superioridade iraniana na região.
Os jogos entre Irã e Catar têm sido decisivos nas eliminatórias asiáticas para Copas do Mundo e nas fases finais da Copa da Ásia. Nas eliminatórias para 2022, por exemplo, o Irã garantiu sua classificação com uma vitória sobre o Catar, enquanto os catarianos acabaram eliminados. Especialistas apontam que esses confrontos diretos muitas vezes definem quem avança nos torneios mais importantes.
Um relatório da AFC de 2021 destacou que, nos últimos 10 anos, 60% dos times que venceram o confronto direto entre Irã e Catar nas eliminatórias acabaram se classificando para a fase final da Copa do Mundo. Esse dado sublinha a importância estratégica desses jogos no cenário do futebol asiático.
Com a expansão para 48 times na Copa de 2026, espera-se que tanto Irã quanto Catar tenham mais chances de classificação, o que pode reduzir um pouco a tensão desses confrontos. No entanto, a rivalidade deve permanecer acirrada nas competições continentais, onde ambos buscam estabelecer-se como potências do futebol asiático.