Os jogos que pagam em criptomoedas, também conhecidos como "play-to-earn" (P2E), são uma tendência crescente no mundo dos games. Eles permitem que os jogadores ganhem recompensas em criptomoedas ou tokens digitais enquanto se divertem. Segundo um relatório da DappRadar, o mercado de jogos blockchain movimentou mais de US$ 4 bilhões em 2022, mostrando o potencial dessa indústria.
Diferentemente dos jogos tradicionais, onde os itens adquiridos ficam restritos ao ambiente do jogo, nos jogos P2E os ativos são realmente dos jogadores, podendo ser negociados em marketplaces descentralizados. Isso cria uma economia virtual real, onde o tempo e esforço investidos podem se traduzir em ganhos financeiros.
O mecanismo básico desses jogos envolve a utilização de tecnologia blockchain e contratos inteligentes. Quando um jogador completa determinadas tarefas, vence batalhas ou atinge objetivos, o sistema automaticamente distribui as recompensas conforme as regras programadas. Alguns exemplos populares incluem Axie Infinity, The Sandbox e Gods Unchained.
Normalmente, para começar a jogar e ter chances reais de ganhar, é necessário fazer um investimento inicial na compra de NFTs ou tokens do jogo. Esse modelo tem sido criticado por alguns especialistas, que alertam para os riscos de esquemas Ponzi disfarçados de jogos. No entanto, projetos sérios oferecem transparência total sobre sua economia e mecanismos de distribuição de recompensas.
Uma das maiores vantagens é a possibilidade de geração de renda extra. Em países em desenvolvimento, muitos jogadores têm conseguido complementar sua renda familiar através desses games. Um estudo da Naavik revelou que em algumas regiões das Filipinas, jogadores dedicados de Axie Infinity conseguiam ganhar mais que o salário mínimo local.
Além disso, esses jogos promovem a inclusão financeira, ensinando conceitos básicos de criptomoedas e finanças descentralizadas para pessoas que antes não tinham acesso a esse conhecimento. Eles também criam comunidades globais de jogadores que colaboram e competem em um ambiente verdadeiramente aberto e sem fronteiras.
Apesar das oportunidades, existem riscos significativos. A volatilidade das criptomoedas pode fazer com que recompensas valiosas hoje percam valor amanhã. Em 2022, o colapso do token SLP (usado no Axie Infinity) causou perdas significativas para muitos jogadores, mostrando a importância de diversificar os ganhos.
Outro desafio é a sustentabilidade econômica desses jogos. Muitos modelos dependem da entrada constante de novos jogadores para pagar os antigos, o que pode levar a bolhas. Especialistas recomendam cautela e sugerem que os jogadores tratem esses games como investimentos de risco, nunca colocando mais dinheiro do que podem perder.
Questões regulatórias também são uma preocupação. Diferentes países têm abordagens distintas em relação a jogos que envolvem ganhos financeiros, e mudanças nas leis podem impactar drasticamente a viabilidade desses projetos.
Analistas do setor acreditam que os jogos P2E evoluirão para modelos mais sustentáveis, com melhor balanceamento entre diversão e ganhos financeiros. A tendência é que se integrem cada vez mais com o conceito de metaverso, criando economias virtuais complexas onde os jogadores podem ter diversas fontes de renda.
Grandes estúdios tradicionais também começam a explorar essa possibilidade. A Ubisoft, por exemplo, já experimentou com NFTs em seus jogos, indicando que o modelo híbrido (jogos tradicionais com elementos P2E) pode ser o próximo passo na evolução da indústria.
Para os jogadores interessados, a recomendação é começar com projetos estabelecidos, estudar bem a economia do jogo e nunca investir mais do que estão dispostos a perder. Com cautela e conhecimento, os jogos que pagam em criptomoedas podem ser tanto uma fonte de entretenimento quanto de oportunidades financeiras interessantes.