As criptomoedas chinesas são moedas digitais desenvolvidas ou amplamente utilizadas na China, muitas vezes com o apoio ou regulamentação do governo. Embora o país tenha adotado uma postura rígida em relação a criptomoedas estrangeiras como o Bitcoin, ele tem promovido ativamente o desenvolvimento de seu próprio ecossistema digital. Um exemplo notável é o Digital Yuan (e-CNY), a moeda digital do banco central chinês (PBoC), que está sendo testada em várias cidades desde 2020.
Diferente de criptomoedas descentralizadas, o Digital Yuan é controlado pelo governo, oferecendo maior estabilidade e integração com o sistema financeiro tradicional. Segundo relatórios do PBoC, mais de 260 milhões de carteiras digitais foram criadas até 2023, mostrando a rápida adoção dessa tecnologia.
Apesar das restrições a criptomoedas estrangeiras, a China continua sendo um player importante no cenário global. Antes da proibição de mineração em 2021, o país abrigava mais de 65% da capacidade mundial de mineração de Bitcoin, de acordo com dados da Universidade de Cambridge. Hoje, empresas chinesas ainda dominam a produção de hardware para mineração, como os ASICs da Bitmain.
Além disso, a China está investindo pesado em blockchain, a tecnologia por trás das criptomoedas. Um relatório do governo chinês estima que o mercado de blockchain no país deve atingir US$ 2,3 bilhões até 2025, com aplicações em setores como logística, saúde e finanças.
O governo chinês adotou uma abordagem ambivalente em relação às criptomoedas. Enquanto promove o Digital Yuan, ele proibiu todas as transações com criptomoedas estrangeiras em setembro de 2021. Essa medida teve um impacto significativo no mercado global, causando uma queda de até 10% no preço do Bitcoin na época.
Especialistas acreditam que a China busca controlar os fluxos de capital e evitar riscos financeiros. "A regulamentação chinesa visa proteger os investidores e manter a estabilidade do sistema financeiro", explica Zhang Wei, economista da Universidade de Pequim. No entanto, essa postura também levou ao surgimento de um mercado negro de criptomoedas, com transações ocorrendo através de VPNs e plataformas offshore.
Com o lançamento do Digital Yuan, a China está posicionando-se como líder na revolução das moedas digitais. O país já realizou testes em grandes eventos como os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 e planeja expandir o uso da moeda digital para comércio internacional, especialmente na Iniciativa Cinturão e Rota.
Analistas preveem que até 2030, o Digital Yuan pode representar 15% do total de moedas em circulação na China. Essa adoção em massa pode redefinir o sistema financeiro global, oferecendo uma alternativa ao domínio do dólar americano em transações internacionais.
Para investidores interessados no mercado chinês, existem algumas opções. Apesar das restrições, é possível investir em empresas chinesas de blockchain listadas em bolsas internacionais ou em fundos especializados. Outra alternativa são as stablecoins lastreadas no yuan, como o CNHT, que circulam em exchanges offshore.
No entanto, especialistas alertam para os riscos. "O mercado de criptomoedas na China é altamente volátil e sujeito a mudanças regulatórias bruscas", adverte Li Qiang, analista da consultoria Sino Capital. Recomenda-se diversificar os investimentos e acompanhar de perto as políticas do governo chinês.